segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

genuíno ou não?

Conversando com uma pessoa querida agora há pouco, comentei algo que passou pela minha cabeça algum tempo atrás quando assisti Manhattan. Sem querer contar muito do filme, apenas digo que há, como nos outros filmes de Woody Allen, o tema recorrente da separação de casais. E em um momento, depois que Isaac leva um pé na bunda da mulher que ele tava namorando, ele sente vontade de voltar com a que ele tava namorando antes dela.

Enquanto eu assistia o filme, pensei nas motivações de Isaac pra procurar a namorada antiga de novo. Isaac só quis voltar pro primeiro relacionamento porque levou um pé na bunda. Se não fosse isso, ele teria continuado no relacionamento com a mulher, e não pensaria em voltar com a anterior.

Mas depois eu pensei, por que isso seria uma coisa ruim? Por que um sentimento desencadeado por um pé na bunda é menos genuíno que um que brota, simplesmente? Você não tá sentindo, do mesmo jeito? Qual a diferença do "motivo" que te faz sentir? Sentimentos são totalmente irracionais.

Comecei falando sobre isso porque ganhei um presente dessa pessoa querida de quem falei no começo. E ela me disse para eu apenas abrir quando tivesse sentindo algo muito forte, fosse o que fosse. Raiva, tristeza, felicidade, enfim. E isso criou uma certa expectativa, e receio, em mim. Não queria estragar o momento em que eu, de fato, abrisse o presente.

Pensei em abrir depois de ver algum filme emocionante, depois de chorar bem muito. Esse é um dos momentos da minha vida em que eu fico muito emocionada: depois de ver um filme. Mas aí pensei que talvez isso fosse falso... que eu estaria induzindo a emoção em mim. E foi quando eu comecei a pensar sobre Manhattan e tudo isso. Quando é que podemos dizer que o sentimento é genuíno? Se eu quero ver uma pessoa porque estou me sentindo sozinha, ou porque estou com saudades, ou porque faz tempo que não a vejo e hoje é conveniente para mim, ou porque me sinto obrigada a vê-la... não é tudo vontade de ver aquela pessoa?

Nenhum amor é incondicional. Já acreditei que amor de mãe era, mas acho que até as mães no mínimo esperam serem amadas de volta pelos filhos. Todo amor é um pouco egoísta. Então sempre teremos alguma motivação, provavelmente um pouco egoísta, que nos leve towards it. Faz diferença qual seja essa motivação?



P.S.: Vou abrir meu presente num dia que eu tiver sentindo uma caganeira bem forte. Depois eu conto como foi.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

tem certas coisas que me incomodam que eu não sei se é porque elas realmente me incomodam ou se é porque alguém me disse que eu não devia fazer essas coisas.

como por exemplo, ficar protelando e zanzando pela casa e arrumando o que fazer antes de comer.
qual é o problema disso?
eu ADORO fazer isso.

de vez em quando me pego me sentindo mal por isso. será culpa?
ou será fome?

mistério.................. mUHUHAHAHAHAHAH!!!
eu de vez em quando tenho uma dificuldade em olhar pra minha "eu" do passado. sabe aquela sensação de vergonha alheia que a gente sente quando alguém faz algo muito remoso? eu sinto isso comigo mesma.

nunca mais eu tinha lido esse blog, nunca mais tive coragem de ver os videos de recife cops (que por muito tempo me deram bastante orgulho), nunca mais tive coragem de ver o meu video de inscrição pro geléia do rock, e nunca mais toquei a música que eu toco no video.

bem, eu acabei de ler um pouco as postagens antigas do blog e... eu não tenho vergonha da antiga Iara. aliás, é graças a ela que eu sou quem eu sou. que nem aldous huxley falou, não dá pra gente ficar querendo corrigir uma obra feita quando a gente era outra pessoa. tiraríamos a essência dela, desse jeito.

to muito feliz agora. sem saber direito o que é. isso acontece né, já havia reparado baudelaire.

to invadida daquele amor, daquele otimismo que só eu sei que me invade de vez em quando.
e só quem sente isso sabe que tudo que a gente quer quando sente uma coisa sublime assim é dividi-la com todo mundo. e especialmente com alguém.

obrigada, internet.

acho que vou reativar esse blog...
isso é uma coisa muito doida.. ser livre. é uma coisa que eu não sei direito o que é. me dá vontade de vencer o medo pra descobrir.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

No fim das contas...

...todo mundo precisa de um psicólogo.

Muito bem, Mente!

Não gosto da idéia de "domar" a mente. Sei que é possível, já que somos formados também de instintos, de subconsciente, de id, de aprendizados empíricos, não só de razão. Aliás, a razão é apenas uma pequena parte do que nós somos.

Eu lembro de uma mulher que tinha lançado um livro sobre "Como Adestrar Seu Marido", alguma coisa assim. Ela disse que conseguiu fazer ele parar de jogar a cueca usada no chão simplesmente ignorando quando ele o fazia e elogiando quando ele colocava no cesto de roupa suja, como ela queria. Depois de umtempo, ele passou a sempre jogar no cesto.

Mas eu prefiro quando a pessoa se dá conta de que tá fazendo merda e pára conscientemente. Sem precisar de elogios, e sem ficar puto se receber reclamações e volta a fazer.

Bom, talvez eu exija demais dos seres humanos. Chegar a esse estágio, de dominação consciente dos instintos...

É muito difícil ouvir sua mulher lhe enchendo o saco toda vez porque você joga a cueca e chão, e pensar racionalmente: "é, não vou ficar puto com ela, porque ela é quem está certa, e a partir de hoje não vou mais jogar a cueca no chão".

Não sei, talvez a mente humana precise ser adestrada de vez em quando, mesmo.



Admiro essa mulher. Uma observadora nata, praticamente fez experiências empíricas naturalistas determinísticas com seu próprio marido.

Anyway, tenho tido provas na minha vida de que a convivência mútua pode fazer um bem danado... e não sei se isso pode ser chamado de adestramento, amestramento, sei lá.

No fim das contas, tudo que a gente vive é processado inconscientemente, é tudo epifania.


Pode fazer "q", agora.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

infância, adolescência, adultescência, ...

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!

Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.

Infância - Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

ela

Ela era tão linda.

Ela era todas.

Ela era todos.

Ela era tudo.

Ela era eu.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

educação e autoridade

por Lya Luft:

Antes de uma palestra sobre Educação para algumas centenas de professores, um jornalista me indagou qual o tema que eu havia escolhido. Quando eu disse: Educação e Autoridade, ele piscou, parecendo curioso: "Autoridade mesmo, tipo isso aqui pode, aquilo não pode?". Achei graça, entendendo sua perplexidade. Pois o tema autoridade começa a ser um verdadeiro tabu entre nós, fruto menos brilhante do período "É proibido probir", que resultou em algumas coisas positivas e em alguns desastres - como a atual crise de autoridade na família e na escola. Coloco nessa ordem, pois, clichê simplório porém realista, tudo começa em casa.

Na década de 60 chegaram ao Brasil algumas teorias nem sempre bem entendidas e bem aplicadas. O "É proibido proibir", junto com uma espécie de vale-tudo. Alguns psicólogos e educadores nos disseram que não devíamos censurar nem limitar nossas crianças: elas ficariam traumatizadas. Tudo passava a ser permitido, achávamos graça das piores más-criações como se fossem sinal de inteligência ou personalidade. "Meu filho tem uma personalidade forte" queria dizer: "É mal-educado, grosseiro, não consigo lidar com ele". Resultado, crianças e adolescentes insuportáveis, pais confusos e professores atônitos: como controlar a má-criação dos que chegam às escolas, se uma censura séria por uma atitude grave pode provocar indignação e até processo de parte dos pais? Quem agora acharia graça seria eu, mas não é de rir.

(...)Negar a necessidade de ordem e disciplina promove hostilidade, grosseria e angústia. Os pais, por mais moderninhos que sejam, no fundo sabem que algo vai mal. Quem dá forma ao mundo ainda informe de uma criança e um pré-adolescente são os adultos. Se eles se guiarem por receitas negativas de como educar - possivelmente não educando -, a agressividade e a inquietação dos filhos crescerão mais e mais, na medida em que eles se sentirem desprotegidos e desamados, porque ninguém se importa em lhes dar limites. Falta de limites, acreditem, é sentida e funciona como desinteresse.

Um não é necessário na hora certa, e mais que isso: é saudável e prepara bem mais para a realidade da vida (que nem sempre é gentil, mas dá muita porrada) do que a negligência de uma educação liberal demais, que é deseducação(...) Pobres pais atormentados, pobres professores insultados, e colegas maltratados. Mas, sobretudo, pobres crianças e jovenzinhos malcriados, que vão demorar bem mais pra encontrar seu lugar no grupo, na comunidade, na sociedade maior, e no vasto mundo.

Não acho graça nesse assunto. Meus anos de vida e vivência me mostraram que a menidade, que faz na escola ou nas ruas e festas uma baderna que ultrapassa o divertimento natural ao seu desenvolvimento mental e emocional, geralmente vem de casas onde tudo vale. Onde os filhos mandam e os pais se encolhem, ou estão mais preocupados em ser jovenzinhos, fortões, divertidos ou gostosas do que em ser para os filhos de qualquer idade algo mais do que caras legais: aquela figura à qual, na hora do problema mais sério, os filhos podem recorrer porque nela vão encontrar segurança, proteção, ombro, colo, uma boa escuta e uma boa palavra.

Não precisamos de muito mais do que isso para vir a ser jovens adultos produtivos, razoavelmente bem inseridos em nosso meio, com capacidade de trabalho, crescimento, convívio saudável e companheirismo, e, mais que tudo, isso que vem faltando em famílias, escolas e salas de aula: uma visão esperançosa das coisas. Nesta época da correria, do barulho, da altíssima competitividade, da perplexidade com novos padrões - às vezes confusos depois de se terem quebrado os antigos, que em geral já não serviam -, temos muita agitação, mas precisamos de mais alegria.
"Suas vidas lhes parecem bem aborrecidas pois, desde o instante que uma contrariedade lhe chega, a alegria em vocês desaparece muito rápido porque vocês a substituem pela decepção".

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

chá



Sempre achei super divertido ficar brincando com o sachê do chá.
Amassá-lo, espremê-lo na água quente.
Se não me falha a memória, isso até me rendeu uma boa queimadura, quando eu era pequena.

Não sei se é resquício de infatilidade, mas ainda faço isso.

domingo, 11 de outubro de 2009

amor

Amor não tem uma fórmula pré-determinada. Infelizmente, fomos criados à base de comédias românticas holywoodianas e clichês, que nos fazem ter uma idéia completamente equivocada do amor.

De vez em quando a gente faz umas descobertas geniais pra nós mesmos, não é? Hoje, eu descobri, mais uma vez, o homem da minha vida. Eu sei que ele me ama, e definitivamente não é no estilo comédia romântica holywoodiana e clichê, mas é amor. E aí eu percebo quão idiotas são todas as minhas nóias periódicas. Queria não esquecer disso nunca, ser feliz sempre...

Não sei explicar, só sei sentir. O quanto ele me faz bem.



Obrigada por tudo.

sábado, 10 de outubro de 2009

foie gras

Crueldade

Muitos contestam o método de alimentação dos gansos e patos, considerando-os forçados e cruéis. Eles usam o termo gavage, que em francês significa "estufado por alimentação em excesso" (e também é um termo médico para a alimentação daqueles que não podem fazê-los sozinhos). Após pressão política de organizações de direitos dos animais, certas jurisdições baniram a prática de gavage.

Muitos produtores de foie gras não consideram seus métodos cruéis, insistindo que é um processo natural que explora a capacidade do animal. Eles argumentam que patos e gansos ingerem grandes quantidades de alimento antes da migração. Salientam ainda que patos e gansos não possuem o reflexo de engasgar, não sentindo assim nenhum desconforto.

No final de uma coalizão francesa de grupos protetores dos direitos dos animais publicou a Proclamação Pela Abolição do Gavage, clamando que a prática de alimentação forçada já é ilegal, baseando-se nas leis atuais de proteção aos animais na França e na União Européia. Entretanto, essas leis deixam muita margem à interpretação. O Conselho da União Européia publicou a Diretiva 98/58/EC em 98 concedendo proteção aos animais das fazendas. A diretiva estipula que "produtores ou donos de animais devem assegurar o bem dos animais e cuidar para que esses animais não sofram desnecessariamente".

Um relatório científico da União Européia aponta que a mortalidade dos animais aumenta de 10 a 20 vezes durante o período de alimentação forçada. Além disso, enquanto as conseqüências da alimentação forçada em pássaros é reversível, o "nível de esteatose deveria ser considerado patológico".

O relatório da União Européia também enfatiza que a contínua alimentação forçada causa a morte prematura dos animais. Também reconhece que os produtores não colocam os fígados de seus pássaros em um estado patológico. O tempo de engorda dos fígados é cuidadosamente controlado para que o animal seja abatido antes que haja risco à saúde. Um animal que pára o processo de alimentação forçada retorna ao seu peso normal. Produtores e o relatório também respondem às críticas da crescente mortalidade ao notar que a mortalidade geral de patos e gansos na produção do foie gras é muito menor que nas fazendas que engordam galinhas e perus.

Algumas afirmações fisiológicas alegadas pelos produtores são contraditas no relatório da União Européia. Em resposta ao engasgo das aves, o relatório diz, "a área da orofaringe é particularmente sensível e é fisiologicamente adaptada para produzir um reflexo de engasgo para prevenir que fluidos entrem na traquéia. A alimentação forçada teria que contornar esse reflexo, já que para as aves isso é forçoso e pode ocasionar danos". Alguns críticos argumentam que os pássaros estariam melhores se fossem sedados antes de serem alimentados. Outros sugerem a remoção cirúrgica do fígado dos pássaros que morreram de causas naturais e então inseri-los em soluções de gelatina, álcool e manteiga.

Grupos de indústrias afimarm que a alimentação forçada não é cruel e mesmo que os animais apreciam esse tratamento. O comitê da União Européia levou adiante vários testes para detectar dor ou estresse através da observação dos hormônios e todos eles foram inconclusivos ou sem diferenças significativas. O comitê não observou quaisquer sinais de que os animais apreciavam a alimentação forçada, e observou que patos tentavam fugir quando seu alimentador entrava na sala. (:'() Entretanto, veterinários que trabalham em fazendas de foie gras têm observado um comportamento que indica que os animais apreciam a alimentação forçada.

Alguns produtores de foie gras dos Estados Unidos procuram proteção como "exceção cultural", semelhante às touradas no sul.

Em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Foie_gras

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

idiot, slow down


Eu tava com uma vontade de escutar No Surprises. Como eu ia tomar banho, coloquei o cd no som, pensando em escutar enquanto o fazia. Só que No Surprises é uma das últimas músicas do Ok Computer, e eu tava afim de demorar no banho, escutando músicas aleatórias. Aí coloquei no shuffle. Eu esperaria ela tocar. Não seria problema nenhum, já que todas as músicas do álbum são ótimas... e alguma hora ela iria tocar, né. Mas ela foi a primeira.

Depois veio The Tourist. Linda música, linda... é engraçado, à medida que eu ia escutando o cd, cada música que começava, era um êxtase: "caralho, eu adoro essa música!", EIouhEOIUe claro, eu adoro todas! Esse álbum é maravilhoso.

Aí eu lembrei que a primeira vez que eu ouvi The Tourist foi porque Paulo me mandou. Não Paulo, Paulo. Paulo, o outro. O primeiro. O Belo. Hahaha. Não que o outro não seja belo... só que esse é com letra maiúscula.

Fiquei pensando em como uma pessoa, que fez parte da minha vida por um tempo relativamente curto, pôde mudá-la tanto. Acho que foi nesse momento que eu comecei a gostar de Radiohead. E hoje em dia eu gosto bem mais até do que ele. Kekeke. Ele nem foi pro show em São Paulo. Eu nunca conseguiria não ter ido.

E fiquei tão feliz, ao perceber em como a gente interfere, sem nem perceber, na vida do outro. Me lembro novamente da minha epígrafe de Ensaio sobre a cegueira, uma das partes que mais me marcaram durante a leitura do livro: "Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma forma bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratular-nos ou pedir perdão(...)".

Depois veio Climbing Up The Walls e Lucky. Putz, eu queria muito ter uma banda cover de Radiohead pra tocar essas músicas, haha.

Bom, é isso. Sejam bons para as pessoas. Às vezes você deixa uma marca na vida delas, e nem percebe. Essa marca pode ser positiva ou negativa. Só depende de você.

Deixo aqui o vídeo de The Tourist.